Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O pica do 7 (António Zambujo)



Apanhamos o elétrico com o António Zambujo para que ele nos cante/ conte uma história?

O PICA DO 7

De manhã cedinho
Eu salto do ninho e vou para a paragem
De bandolete à espera do sete
Mas não pela viagem

Eu bem que não queria
Mas um certo dia vi-o passar
E o meu peito céptico
Por um pica de eléctrico voltou a sonhar

A cada repique
Que soa do clique daquele alicate
No modo frenético
O peito céptico toca a rebate

Se o trem descarrila
O povo refila e eu fico num sino
Pois um mero trajecto
No meu caso concreto é já o destino

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá

Que triste fadário,
Que itinerário tão infeliz
Traçar meu horário com o de um funcionário
De um trem da Carris

Se eu lhe perguntasse
Se tem livre passe para o peito de alguém
Vá-se lá saber
Talvez eu lhe oblitere o peito também

Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vã
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá



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